Nas últimas décadas, o mercado da construção civil tem ganhado mais espaço a cada ano, seja na área urbana ou rural. No entanto, se o projeto será construído em uma cidade ou em uma área rural, a viabilidade do trabalho deve ser uma consideração fundamental.
Giuliano Battisti, engenheiro civil, ambiental e de segurança do trabalho, destaca que as regiões urbanas têm poucas opções de localização devido às ocupações já existentes. Como resultado, as empresas optam por comprar imóveis pequenos e depois demoli-los para dar lugar a novas estruturas.
No entanto, um fenômeno cada vez mais comum nas áreas rurais, principalmente nas áreas mais próximas aos centros urbanos, é atender a necessidade de quem busca mais tranquilidade.
E acredite, a demanda por mais tranquilidade só aumenta.
“Áreas estão sendo convertidas em condomínios para atender ao aumento da demanda por um contato maior com a natureza, em locais afastados da agitação das grandes cidades sem, contudo, inviabilizar que seus ocupantes continuem trabalhando de forma presencial em seus locais de trabalho ou intercalando suas atividades com o trabalho remoto”, explica.
De qualquer forma, Battisti enfatiza que a realidade dos novos empreendimentos pode ter efeitos sobre o meio ambiente, a sociedade e a economia, desde a instalação até a operação.
“A implementação de tais projetos, se não for bem conduzida, pode trazer sérios transtornos para os empreendedores, compradores, futuros moradores e vizinhança. Os inconvenientes podem ter as mais diversas consequências, sejam elas infrações às legislações ambientais e de zoneamento urbanístico, conflito com vizinhança e outros tantas que cotidianamente nos são apresentadas. Nesses casos, um empreendimento pode ser embargado, autuado e até mesmo inviabilizado caso as infrações e conflitos sejam insanáveis, trazendo prejuízos, inclusive, financeiros para os envolvidos, podendo gerar, até mesmo, demandas jurídicas indesejáveis”.
Quem nunca passou por isso não sabe o que é dor de cabeça.
Conflitos e danos são causados por obras embargadas ou ilícitas. Isso ocorre frequentemente por falta de procedimentos necessários para a realização das atividades e pode passar despercebido pelos responsáveis.
Uma das principais causas é a ausência de contratação de profissionais ou empresas devidamente cadastradas no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA). O profissional deve estar qualificado e capacitado para realizar avaliações e estudos preliminares, bem como para implantar e operar tais empreendimentos.
“Um bom desenvolvimento dos trabalhos realizados por esses profissionais e empresas, deve considerar diversos aspectos que contribuirão para que surpresas e contratempos sejam evitados. Entre eles, destaca-se que é essencial iniciar os trabalhos por consultas prévias na prefeitura local a fim de verificar se a atividade e o porte do empreendimento podem ser realizados naquele determinado espaço, ou seja, se o zoneamento do território municipal permite tal implantação”.
Battisti também destaca a importância de pré-consultas adicionais, lembrando que devem ser realizadas em concessionárias de água, energia, coleta de lixo e transporte público, além de licenças ambientais, principalmente quando estiverem próximas a áreas de proteção ambiental ou patrimônio cultural.
A aprovação de projetos de engenharia que contemplem aspectos funcionais de mobilidade, acessibilidade e outros, bem como aqueles relacionados à sustentabilidade, que priorizem a energia solar, captação e reuso de água, coleta seletiva de lixo e manutenção de áreas verdes e permeáveis, será necessária se as consultas necessárias mostrarem que o negócio é viável.
E vou ser sincero. A tendência das construções sustentáveis só cresce!
Segundo Battisti, o órgão licenciador também pode precisar de estudos mais específicos para projetos maiores, como o Estudo de Impacto de Vizinhança e, em alguns casos, os Estudos de Impacto Ambiental, levando em consideração os efeitos sociais e econômicos do projeto.
“É importante reforçar e salientar que o empreendedor deve ter em mente que a realização de consultas, estudos e atendimento às legislações vigentes, tem por objetivo trazer tranquilidade e segurança para si próprio, seus investidores, comunidade e meio ambiente no entorno. Adotando esses cuidados, após a tão esperada conclusão e entrega das obras, tem-se a certeza de que o empreendimento não é apenas mais um projeto concluído, é, por fim, um sonho realizado por todos”, finaliza.
Conclusão
Em resumo, a melhor maneira de construir é com planejamento e acompanhamento profissional, sendo sempre transparente com clientes e órgãos governamentais.